Três artesanatos fáceis e diferentões que irão inovar seu ambiente

Por Lara Castagnolli

Cansadxs dos quadros de frutas da vovó que estão pendurados na sua casa desde antes de você nascer? Vamos sair do típico! Não, não, precisa jogar o quadro fora, mas cá entre nós, tá na hora de aposentar, né?

Vem comigo que é sucesso:

Artesanato number one: Quadro com plantas prensadas.

Esse é facílimo e maravilhoso! Deixe que a mãe natureza trabalhe por você…

Nível de habilidade manual: 0

Show né? Vamos aos materiais:

  • Uma moldura com dois vidros;
  • Um ramo roubado da samambaia da vovó;
  • Um livro beeem pesado.

Procedimentos:

  1. Coloque o ramo da planta entre duas folhas sulfites e coloque o livro sobre elas, deixando-o por aproximadamente cinco dias.
Legenda: O nome dessa plantinha é Renda-Portuguesa (Davalia fejeensis).

2. Após perceber que o ramo secou, posicione-o entre os dois vidros da moldura e feche.

Moldura com dois vidros com as laterais feitas de pinus.

Este foi o que eu fiz, espero que sirva de inspiração. : )

3. Abuse da criatividade! Não precisa ser feito com apenas uma espécie de planta, faça aquela boa e velha mistureba! Adicione flores, folhas, insetos, papéis com frases legais, cartas de amor (menos as do ex rs)

Artesanato number two: pratos pintados, desenhados, escritos, psicografados, etc…

Nível de habilidade manual: 5 (exige um pouco de estabilidade para fazer os traços)

Bom, esse artesanato que irei mostrar a vocês é bem a cara da vovó, e voltou com tudo para deixar a parede bem diferentona. Que tal sair um pouco da estética cliché dos quadros retangulares e adicionar mais círculos à decoração? Pratos de cozinha? SIM!

Materiais:

  • Prato branco (velho ou novo);
  • Canetas para porcelana. Sim, elas existem e facilitam a vida de pessoas que têm dificuldade para usar pincel (como eu rs).
  • Lápis B6 ou B8 (algum que tenha alta capacidade de marcação)

Procedimentos:

  1. Limpe bem o prato
Utilizei um prato redondo de sobremesa, mas você pode utilizar qualquer prato com qualquer tamanho e formato.

2. Pense em algo para desenhar e escolha as cores:

A caneta utilizada foi a Compactor para porcelana e vidros temperados.

3. Trace o desenho, a frase ou a palavra que desejar sobre o prato utilizando o lápis:

As linhas vão ficar bem claras, por isso aconselho vocês a fazerem em algum lugar que tenha bastante iluminação, para que seja possível enxergar com clareza o que foi feito.

4. Comece a preencher da forma que achar mais adequada:

Para este desenho, utilizei pontinhos, pois acredito que trata-se de uma técnica que facilita a identificação de luz e sombra do desenho, dando certa profundidade.

E SE EU ERRAR? AAAAAAA – Calma, respira… é só passar a pontinha de um pano úmido.

5. Novamente, abuse da criatividade!

Sou fascinada por cores, acho que deu pra perceber rsrs.

6. Deixe o pratinho secar por 24 horas.

Não desanime! Enquanto isso, vá fazer o artesanato que vem a seguir…

7. Hora de queimar!

QUE?! COMO ASSIM?

Exatamente! Só assim a tinta em sua peça irá durar bastante.

                 Leve sua peça ao forno e deixe-a por aproximadamente 90 minutos a uma temperatura de 160 graus célsius.    

8. Pendure-o ou posicione-o sobre uma superfície.

Você pode pendura-lo na parede utilizando um suporte como este:

(Fonte: Pinterest)

Ou, como este, sobre alguma superfície:

(Fonte: Pinterest)

Artesanato number three: painel de macramê.

Nível de habilidade manual: 3

Quem não ama um macramê? Essa técnica de tecelagem manual é bem fácil, dependendo de suas pretensões… Vou mostrar para vocês como fazer um único nó que pode ser o primeiro (e até único) passo para embarcarem na vida de artesãxs. O “nó quadrado” é extremamente fácil de ser feito, mas para pegar o, jeito precisa treinar.

Materiais:

– Um pedaço de madeira natural ou tratada (pode ser um cabo de vassoura, sem problemas)

– Linhas cortadas com aproximadamente 4 metros de comprimento (de preferência grossa, para que o resultado final saia mais rapidamente).

  1. Pegue a madeira e amarre um fio em suas extremidades.

3. “Dando nó” rsrs:

Esta é uma sequência de nós quadrados, os queridinhos mais versáteis do macramé!

2. Posicione os fios um ao lado do outro dobrando-os ao e passando suas pontas pela “barriga” formada ao longo da madeira.

Utilizei uma peça que estava quase finalizada para mostrar.

Mão na massa (ou melhor, nos fios):

A) Separe quatro fios (para o macramé, na maioria das vezes, usamos 4 fios para fazer um nó).

C) Pegue aquele da outra ponta (que ficou embaixo do que estávamos manuseando) e passe por dentro da barriguinha do “quatro” que havíamos feito.

E) Passe por dentro de novo e puxe:

G) Continue a sequência criando triângulos, losangos, quadrados… O que você quiser! 

B) Pegue um da ponta (direita ou esquerda) e passe por baixo dos dois centrais e por cima do último da outra ponta, como estou fazendo na foto:

D) Puxe as pontas soltas e repita o processo, mas agora, de forma invertida! Comece pelo fio que passou pela barriguinha:

F) Pronto, nó quadrado feito!

Coloque em algum lugar que fique legal J (se preferir, pode cortar as pontas):

Eu preferi deixá-lo com as pontinhas desiguais mesmo, achei que combinou!

E você, o que achou? Gostou das dicas? Espero que tenham sido úteis e que tenham servido de inspiração para renovar seu ambiente.

Ah, você também pode fazer uma bela de uma “mistureba”, adicionando todas as artes sugeridas em uma única parede, brincando com texturas, cores e formas diferentes! Eu amo…

O meu ficou assim! Uma bela “mistureba”, do jeito que eu gosto. : )

Espero que tenham gostado das dicas! Beijos, Lara. :*

8 PLANTAS PARA AMBIENTES INTERNOS E SEUS CUIDADOS.

Por Lara Ramos e Júlia Labigalini

Para você amante de plantinhas em casa (ou não), aqui vai algumas plantas fáceis de encontrar, e algumas diquinhas para seus cuidados. Mas antes, é bom lembrar:

  • Toda plantinha precisa de uma boa drenagem, para correr bem a água em suas raízes, então consequentemente, sem exceção, todos os vasos devem ter furos para que isso ocorra, e para que não fique com acúmulo de água.
  • Elas se desenvolvem dependendo do tamanho de seu vaso, ou seja, quanto maior o espaço para o crescimento da raiz, maior sua plantinha ficará.
  • Todas precisam de uma atenção para a terra, sendo como um alimento para elas, com o tempo sempre precisam de reposição, e isso ajuda no seu bem-estar.
  • Sobre a questão de custo, depende um pouco de seu tamanho, pois quanto maior o seu tempo de vida, maior será o seu valor. Isso por conta da valorização do seu processo e cuidado.

Aqui segue a nossa seleção de plantas maravilhosas para ambientes internos. Quatro pendentes e quatro não pendentes:

1. Samambaia

São as queridinhas para dentro de casa.

Tem uma grande variedade de espécies, cada uma com uma folhagem diferenciada. Somente no Brasil já foram descritas mais de mil espécies.

Se dão bem em lugares úmidos e sombreados, sem receber luz direta, pois o sol pode queimar sua folhagem.  Apesar de não gostar de lugares muito quente, nos meses de inverno as protejam do frio e do vento.

Podem ser aguadas todos os dias, uma quantidade equivalente à um copo.

Sua Samambaia irá se dar melhor se estiver livre, não sendo aconselhável seu contato com paredes ou até mesmo com qualquer outra superfície.

Uma ideia interessante é coloca-la suspensa no teto de sua casa.

Foto: Pinterest

2. Jiboia

Foto: Pinterest

É uma planta trepadeira de fácil manutenção, usada para forração de vasos e canteiros.

Apesar de suportar a falta de água por ser resistente, gosta bastante de rega e calor, podendo aguar seu solo 3 vezes por semana.

Da mesma forma que a Samambaia, a Jiboia precisa de luz indireta.

O cultivo no vaso ou pendente, se comporta até 15 metros, já no chão, para forragem, elas chegam até 18 metros.

Interessante coloca-la como trepadeira em paredes ou em cuias, ficando com suas folhas pendentes.

3. Hera

Como a Jiboia, a Hera, também é uma planta forração, gostando de espaço. Mas também pode ser cultivada como pendente.

Tao flexível que pode ser cultivada em ambientes com sombra, meia sombra e até mesmo no sol, porém não gosta de lugares abafados, e se dão bem em ambientes com boa claridade.

Uma dica sobre a Jiboia, se possível deixar distante de crianças e de seus pets, pois é uma plantinha tóxica.

Foto: Pinterest

4. Peperômia

Foto: Pinterest

É uma plantinha que ocupa pouco espaço e é ideal para um ambiente sombreado, com isso é recomendada para ambientes internos. Suas regas devem ser regulares, não podendo ter seu solo encharcado.

Ela pode atingir até 1 metro. Como citamos no caso da Samambaia, o sol direto pode também queimar as folhas de sua Peperômia.

5. Zamioculca

Se adaptam melhor em ambientes internos, com pouca luz. Porém se caso preferir colocar sua plantinha em um ambiente externo, é só lembrar de não as deixar em contato direto com o sol.

São pouco exigentes com água, podendo rega-las duas vezes por semana. Com isso, vale lembrar: não encharque sua platinha, pois você pode acabar deixando suas folhas amareladas e até mesmo apodrecer suas raízes. 

Além de uma bela decoração, pois sua folhagem é sempre de um verde vivo, ela oferece um ar puro.

Outro ponto importante é que são plantas resistentes e duráveis, não precisando de poda, por conta de seu crescimento lento, com isso sendo uma planta fácil de cuidar.

Foto: Pinterest

6. Areca Bambu

Foto: Pinterest

Ela é muito utilizada para decoração de jardim e interior.

Quando cultivada em jardins pode chegar 6m de altura, mas em vasos menores, seu tamanho não chega a ser tanto.   

Ela forma touceira, aparecendo vários galhos da raiz principal. São bem resistentes a doenças e pragas.

Em vaso, na sombra, permanece com as folhas verdes. Já no sol, elas ficam amareladas. Podem ser regadas de 2 a 3 vezes por semana. Gosta do substrato úmido e para manter ela vistosa basta borrifar água em sua folhagem.

A Areca Bambu é muito indicada para a purificação do ar. 

7. Maranta

Apresenta aproximadamente 500 espécies, a maioria delas têm sua folhagem colorida, podendo mudar em suas fases. Com isso, é uma planta bem alegre para seu cantinho.

Elas vivem bem em apartamento, com meia sombra e gostam de umidade. Suas regas devem ser feitas de 2 a 3 vezes na semana.

Lembrando: nunca deixe encharcada. Em dias muito seco, mantenha a terra irrigada e borrife água em suas folhas.

A Maranta não é uma planta muito grande e pode chegar a 50 cm de altura.

Foto: Pinterest

8. Rafis

Foto: Pinterest

Uma palmeira de porte pequeno, mas pode atingir cerca de 4m quando adulta, e tem seu crescimento bem lento.

Não necessita de muita luz, preferindo assim os ambientes internos.

Como a Zamioculca, a Rafis também é de fácil cuidado, pois deve manter uma rega moderada, sendo apenas vez por semana e também não há necessidade de poda.

Esperamos que tenham gostado e que esse conteúdo tenha ajudado para o cuidado de suas plantinhas. Se quiserem mais informações, corre conferir mais do meu trabalho no Instagram: @florasião.

Todo corpo é de yoga

Por Lia Gregatti

Muitas pessoas no período de isolamento social passaram a se interessar e a ter mais contato com as práticas de yoga através da internet de modo geral e principalmente das redes sociais. A cada dia acontece uma chuva de lives de yoga e a promessa que o yoga pode ajudar no sistema imunológico ou a manter uma mente serena e tranquila combatendo a ansiedade durante a pandemia tem atraído cada vez mais interessados. Uma pequena busca sobre o termo yoga e muitos tabus podem ser formados para quem nunca praticou. Geralmente as imagens relacionadas ao yoga são de corpos jovens, magros, flexíveis, fortes e em quase sua maioria brancos. Pessoas calmas, com semblante de plenitude e as posições mais vistas são ou de alguém sentado em meditação ou numa postura bem elaborada com os pés atrás da cabeça ou de ponta cabeça.

Foto: Lia Gregatti (Arquivo pessoal)

Todas essas imagens e abordagens são recursos que surgiram a partir do momento que o yoga se tornou também um objeto de consumo e nesse processo surgiram as marcas de tapetes, acessórios, roupas, cosméticos (geralmente veganos), alimentos e bebidas naturais de custo elevado, trazendo a impressão que é uma prática totalmente elitizada.

Bom, vamos por partes desconstruindo esses conceitos por aqui. Yoga é uma técnica milenar – filosofia – que envolve muito mais que as posturas físicas ou exercícios meditativos, essas duas coisas são só um pedacinho bem pequeno de tudo que envolve o estudo e a prática de yoga. O yoga surgiu na Índia e é uma filosofia relacionada a religião hinduísta (o que não quer dizer que você tenha que ser hinduísta para praticar, você não precisa abandonar a sua religião e pode não ter nenhuma religião inclusive e fazer yoga). Um dos textos de yoga (Yoga Sutras de Patanjali) trás algumas causas do sofrimento humano e formas de diminuir seus efeitos, entre essas causas temos a ignorância, alguns de nossos aspectos instintivos, os apegos, orgulho, medo – principalmente da morte – e aversões (no meu perfil você encontra dois vídeos bem explicadinhos sobre quais são essas causas – Raízes do Sofrimento).

As tão famosas posturas de yoga e a meditação são só dois dos oito meios propostos nesse texto para nos tornamos mais conscientes das causas de sofrimento e consequentemente reduzir a forma com que eles nos atingem no dia a dia. Entre esses meios propostos encontramos princípios éticos e também aspectos físicos, fazendo com que o praticante pouco a pouco possa viver o yoga no dia a dia, levando esses ensinamentos para fora do tapete de prática.

Ok, porque eu falei tudo isso? Para que você que está começando a praticar entenda que o yoga não é sobre corpo, sobre tranquilidade ou calmaria, na verdade a prática vai te levar a sair do modo automático em que vivemos quase sempre impactados fortemente pelos estímulos sensoriais. Por isso não existe um corpo ideal ou um comportamento determinado para que você possa praticar yoga, você não precisa ser forte, magro, jovem, flexível, pertencer a determinada religião, ser vegetariano ou cantar mantras, comprar tapetes caros ou acessórios. Se você tem um corpo, o yoga é para você, vale lembrar que yoga é sobre liberdade, entrega e experimentação.

O que você vive no dia a dia é yoga, como você se relaciona com você mesmo e com os outros. Se sua preocupação é com o corpo físico, tudo bem, comece por ali e aos poucos você vai desenvolvendo flexibilidade, força e conseguirá executar posturas mais elaboradas, não se compare e não se julgue, cada ser tem um corpo, cada corpo carrega uma história, yoga não é uma competição.

Se sua preocupação é em sentar para meditar e por ser agitado ou ansioso não conseguir “parar de pensar” eu tenho uma ótima notícia, isso não existe! a gente só para de pensar quando morre, meditar é perceber essas oscilações da mente, um exercício de ir e voltar a sua atenção para onde se está, aqui e agora. E sim, você pode meditar deitado se quiser você deve estar se perguntando: meditar deitado mesmo se eu dormir? – sim, mesmo se você dormir. Estando numa postura desconfortável além de lidar com as próprias distrações da mente, do carro passando, do cachorro latindo ou daquilo que você deveria ter comprado mas esqueceu (tudo isso e muito mais surge na meditação, rs) você ainda vai ter que cuidar da perna que formigou, da coluna ou do joelho que dói.

Como você pode ver não existe um padrão para ser praticante de yoga, na realidade de todos os tabus que citei lá em cima, o único que não tenho como dizer que não é verdade infelizmente é que yoga ainda é uma prática elitizada pois poucas pessoas tem acesso e isso acontece porque boa parte dos estúdios estão localizados em lugares de alto poder aquisitivo e suas mensalidades são altíssimas, tanto de formação para conduzir aulas quanto para aqueles que desejam praticar. Porém já está acontecendo um movimento muito bacana de professores tornando essa prática mais acessível, levando o yoga para lugares onde inicialmente não chegava e trazendo as pessoas que não tem esse acesso para onde o yoga está!

Ah uma última dúvida que sempre surge, é Yoga ou Ioga, tanto faz também, se você escolher escrever com I use o artigo A, “A Ioga”, se preferir escrever com Y,use O – “O yoga”.

Deixo aqui alguns perfis do Instagram que vale a pena conhecer: @yogaparatodosbrasil @yogacurumin @sobremeditar @yoga_contemporaneo @yogaeciencia @flordaguayoga @yoganamare @perifayoga @joe_lizzzzzz_yoga @vidadeyoga

Como criar um Armário Capsula?

Antes de entrarmos nesse “How to”, bora entender o que, de fato, é a ideia do Armário Capsula e pra isso temos que voltar um pouquinho no tempo (Acho que voltar no tempo para contar uma história está se tornando minha assinatura aqui na Galpão).

O termo “Capsule Wardrobe” (Armário Capsula) foi criado em 1970, pela Susie Faux, dona de uma Boutique em Londres chamada Wardrobe. O conceito do termo criado por Faux é extremamente simples. Ela dizia que todos deveriam possuir itens essenciais que não saem de moda, que você gosta muito, que combinem entre si e que possivelmente possam ser usados durante todas as estações. Tá, talvez não seja extremamente simples, mas pode se tornar se mudarmos um pouquinho nossa forma de pensar, mas já já chegamos nessa parte.

Depois que o termo foi criado nos anos 70, somente em 1985 ele foi popularizado e não foi pela Susie e sim pela designer americana Donna Karan, que lançou uma coleção capsula de 7 peças que conversavam entre si e possibilitavam inúmeros looks.

Quantas vezes a gente diz “não ter o que vestir” quando nosso guarda roupas está atolado de peças? Já parou para pensar que talvez a gente tenha desenvolvido esse sentimento de não ter algo por simplesmente comprar peças por impulso sem saber com o que aquilo fica bom ou se temos algo já em casa que combina?

Nos dias de hoje (finalmente voltamos do passado), o Armário Capsula é visto como uma forma mais sustentável e prática de se vestir, uma vez que a ideia criada lá atrás leva a gente para a possibilidade de possuir menos e fazer mais com o que possuimos. Adotando essa forma de consumo, a tendência é que você invista seu dinheiro em peças mais duráveis que você ame e consequentemente pare de consumir em massa por impulso, ajudando o meio ambiente ao favorecer a criação futura de um ciclo mais saudável de produção de roupas (eu tenho esperança desse ciclo saudável de consumo e produção existir).

Um Armário Capsula representa mais tempo, dinheiro e energia gasta em outras coisas além das roupas, uma vez que você, ao adotar o “estilo de vida”, passa a entender mais seu estilo, facilitando o momento de se vestir, principalmente por você já ter pré-selecionado as peças e sabe que tudo que você tem te faz feliz e te veste bem. A ideia principal é criar uma “consciência de compra” e sempre saber o que você já tem, para não consumir algo que você não vai usar.

Embora esse termo que diz “menos é mais” tenha sido criado anos atrás, em algum momento, entre o antes e o agora, alteramos nossa forma de consumo para o oposto. Em algum momento fomos ensinados de que quem compra mais é mais feliz, mais bem vestido, mais poderoso. Uma ilusão, porque nada disso é verdade e é hora da gente tomar controle de tudo.

Como criar um Armário Capsula?

Agora que vocês sabem o que é o Armário Capsula e os benefícios dele, borá aprender a criar um?

Passo 1: Escolha sua paleta de cores.

O ideal é que você escolha duas cores de base que combinam com tudo, por exemplo: branco, preto, marrom, cinza e azul marinho. Itens como calças e casacos serão escolhidos usando as duas cores pré-selecionadas, para que as peças possam ser usadas com todo o resto.

Depois escolha mais uma ou duas cores mais vivas, que você goste muito e que fique legal com as cores de base. Essa cor vai definir peças como blusas, camisetas, vestidos e acessórios. Uma vez que você definir as cores, todas as peças vão passar a conversar entre si e vai rolar uma facilidade para as combinações, uma vez que as cores já vão fazer uma parte do trabalho complementando uma a outra.

Passo 2: Entenda seu corpo

O corpo é seu e é extremamente importante que você tire um tempo para você e passe a entende-lo e saiba o que conversa com você. Isso pode levar um tempo, entender nosso corpo é extremamente difícil, mas você saber o que  gosta de vestir e o que te deixa confortável é fundamental para que você consiga encontrar peças que te fazem bem e que não vão acabar no fundo o armário sem uso. Obviamente alguns tipos de corpo carregam mais privilégios que outros e para muitos corpos há uma enorme dificuldade em comprar roupas, mas a ideia do Armário Capsula diz mais sobre a sua forma de consumo, então o conceito pode se adaptado para sua realidade, não se pressione a nada que te deixe inconfortável e faça tudo no seu tempo.

Passo 3: Defina quantas peças seu Armário Capsula vai ter

Tricoteen

Embora isso seja uma ideia aberta, o ideal é que seu Armário possua até 40 peças (não contamos pijamas, roupas de ficar em casa e acessórios como brincos e colares). Um Armário Capsula de 37 peças, por exemplo, pode ser dividido em 9 pares de sapato, 9 calças/shorts, 15 partes de cima (camisas, camisetas, regatas etc) e 4 vestidos. É importante que você encaixe a quantidade dentro da sua necessidade, mas não esqueça do principio da ideia, que é possuir menos e usar mais. No final de 2019 a Ashley, do canal bestdressed (canal americano) fez uma viagem e usou por um mês um Armário Capsula de 30 peças e aqui tem a experiência dela.

 Para quem não entende inglês, há uma opção no Youtube de tradução simultânea nas configurações ao assistir o vídeo.

Passo 4: Reduza suas peças e Foque em peças atemporais

Ao criar um Armário Capsula você não precisa, necessariamente, comprar algo novo, você pode ver tudo que você possui, doar ou vender o que você não usa e ficar só com o que você usa e gosta (Oi Marie Kondo?). Se o que sobrar pós doação/venda não for o suficiente para você se manter por alguns meses, invista em peças atemporais. Quando a gente possui várias peças que não saem de moda, elas tem uma tendência a conversarem entre si, porque geralmente são peças mais clássicas. Obvio que você pode, uma vez ou outra, adquirir uma peça mais diferentona, mas lembre-se que o principio é você mudar seu mindset e conseguir viver tranquilamente com o que você já tem e consumir cada vez com menos frequência.

Passo 5: Mantenha ou adquira peças de qualidade

Isso não significa que você precise comprar uma camiseta de R$500,00, mas é interessante que você não consuma de marcas de fast fashion que fabricam com materiais baratos e não duráveis, uma vez que a intenção do Armário Capsula é você usar as roupas que tem com frequência e repetir mesmo as peças sem medo de ser feliz. Existem diversas marcas com preços acessíveis e materiais duráveis, como a Tricoteen e a Cotton On.

Lembrando que a ideia do Armário Capsula pode sempre ser adaptado a sua necessidade e ao seu bolso. Eu, particularmente, acho chic demais fazer mais com menos e repetir peças de roupa, então espero que mesmo se vocês não aderirem ao estilo de vida capsula, vocês passem a fazer mais com menos.

Até a próxima,

Caique.

Curadoria Inteligente

Por Bárbara Mandarano

Muito tem se falado sobre consumo consciente, desapegar de roupas e acessórios que estão parados em casa é uma ação que vem ganhando força, espaço e influenciando pessoas de todo mundo em um movimento que não pode parar. Para preservar essa prática e levá-la ainda mais longe, projetos surgem mesclando o consumo de moda a um impacto social mais efetivo.

Brechós e bazares tem feito um trabalho de arrecadação de donativos com lucro total ou parcial em beneficio de instituições que ajudam pessoas em situação de vulnerabilidade. Além da ação de arrecadar fundos, essa atividade contribui para o aumento e consciência no consumo de moda.

Afinal o que é moda consciente?

De acordo com o site Etiqueta Única, a moda consciente é quando o consumidor manifesta em suas compras uma preocupação com questões ambientais e sociais que envolvem a produção em massa, esse consumidor esta em busca de peças que tenham significado.

Já a moda sustentável ou eco fashion, esta ligada a forma como os artigos de moda são produzidos e tem a preocupação em usar métodos de produção que não produzam ou diminuam o impacto ambiental.

Os novos consumidores estão em busca de produtos duráveis, como falamos anteriormente na primeira edição da revista no texto “Hora da Verdade”, a moda sem estação transformaria por completo a indústria, trazendo ao público algo atemporal, um consumo responsável. Classificar a Moda como atemporal exige mais pesquisa, maior profundidade de conceitos, práticas e produtos que mostram que a Moda não deve se desfazer rapidamente com o passar do tempo.

Onde surgiu o primeiro brechó do Brasil?

De acordo com o escritor Antônio Houaiss, em Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a primeira loja de venda de roupas e objetos de segunda mão no Brasil, surgiu no Rio de Janeiro no século XIX, fundada por um comerciante português chamado Belchior. Originalmente, assim eram conhecidas as lojas de roupas e objetos usados que com o tempo acabou se transformando em Brechó.

Em um estudo sobre o consumo de roupas de brechó da cidade de Porto Alegre, a pesquisadora Lígia Helena Krás afirma que é preciso considerar que na Europa, os brechós, ou Vintage Clothings Store, são lojas especificas de roupas e acessórios de época apenas, diferente das Second Hand Store, que vendem roupas usadas sem especificação de épocas.

No Brasil ainda não existe essa diferença clara, a prática do brechó como loja de roupas antigas é muito recente.

Alguns elementos ligados ao que um brechó representa além da origem das peças, são questões relacionadas à sujeira, doença, energia e até mesmo sexo. A origem dessas peças gera questionamento em algumas pessoas que não aprovam a ideia de comprar roupas que não sabem a quem pertenceu pelo fato desse alguém ter morrido visto como algo mórbido, justificando que mesmo lavando as roupas estão impregnadas energeticamente.

De acordo com a pesquisadora Lígia Helena Krás, o preconceito com a roupa não é por ser antiga, mas por ser usada.

Foto: Pinterest

Ela ainda afirma que convém ressaltar que novo, velho, usado e antigo são classificações relativas. Pode ser um vestido novo de 1960, ele será novo se nunca tiver sido usado, essa é a relação do novo com o usado. E pode ser um vestido velho de 2005, se ele tiver sido usado muitas vezes. Sendo assim, é importante deixar claro que o preconceito pelo velho, usado, não deixou de existir, nem mesmo por quem gosta muito de roupas antigas. O preconceito com o antigo existia mais e agora por uma questão de estratégia do mercado da moda, tem diminuído. Antigo se refere a épocas passadas, que pode ser antigo e novo, caso tenha sido pouco usado ou mesmo guardado sem nunca ter sido usado.

Não vale ter preconceito, experienciar brechós pode ser muito interessante além de divertido, vai ter sempre aquela peça perfeita esperando por você. A moda precisa ser pensada de maneira mais consciente, no momento em que se compra uma peça ou quando se descarta, pois vale lembrar que dividimos o mesmo planeta e precisamos nos responsabilizar pelos nossos consumos.

DIYour Mom – Customiza e fala com: Caique e Andréa

Você já parou pra trocar uma ideia com sua própria mãe?

Eu sempre fui próximo da minha, mas muitas vezes a gente deixou de conversar sobre vários assuntos que são importantes e, hoje, para celebrar o Dia das Mães, convidei minha mãe pra bater um papo, enquanto obviamente, a gente faz umas artes em uma blusa que a Tricoteen me mandou, pra também mostrar que todo mundo consegue fazer alguma customização nas suas roupas pra torna-las únicas.

Por Caique Jota

Como minha mãe nunca mexeu com customização de roupas, eu sugeri que fizéssemos uma parada mais simples, que se a gente errasse, daria pra corrigir tranquilamente, pra tirar aquela pressão de “meu deus preciso fazer certo” dela e a gente conseguir ter um good time, então desenhamos juntos na peça umas linhas abstratas pra ela pintar. Depois disso, com ela empenhada em tornar o desenho bonito, a gente falou sobre a vida dela sendo minha mãe.

Eu não sei vocês, mas eu sabia da vida da minha mãe a partir dos anos que eu tomei consciência, lá entre os 7/8 anos. Antes disso, eu sabia por cima de coisas que ouvia por ai, como o fato dela ter se tornado mãe aos 17, mas não sabia o que isso tinha significado pra ela, não sabia se tinha sido difícil, como isso tinha acontecido, então resolvi perguntar como tinha sido pra ela.

Pra mim foi uma pergunta “simples”, mas pra ela soou como algo “complexo”, louco né?! Pra mim, que nunca fui pai, é só um “me conta ai como foi?”, pra ela é bem mais profundo que isso, afinal, ela teve que gerar uma vida enquanto a dela ainda não tinha sido completamente gerada, ela não era madura e adulta. Eu não consigo nem imaginar o que é ser pai aos 25(minha idade), imagine aos 17?

Ela me respondeu que naquela época, quase 30 anos atrás (tenho um irmão mais velho), ela acabou abrindo mão de muitas coisas, como os estudos dela e uma possível carreira, pra se dedicar a maternidade. Ela sente que demorou pra amadurecer, inclusive, ela costuma dizer que aprendeu junto com os filhos e isso é muito real, porque eu e meu irmão vivemos uma relação de troca de aprendizados com minha mãe, o que pra mim é incrível, porque ela nos compreende e a gente compreende ela.

Quando questionei a ela se ela se “arrepende” ou se deveria ter feito algo de forma diferente, ela me conta que não deveria ter abdicado da profissão dela, que deveria ter feito faculdade, não ter abrido mão dessas coisas, porque ela teve que resgatar tudo isso anos depois. Nessa mesma onda da conversa, eu questionei a “top dificuldade” quando ela foi mãe, mas ela a principio não viu nada como dificuldade, mas como um aprendizado, porque ela não sabia nada e teve que aprender absolutamente tudo e agradece a minha avó por ter ajudado e orientado ela, porque quando você tem apoio tudo fica mais fácil, diz até ser um privilegio, o que eu concordo completamente, são poucas as famílias que tem um ciclo de pessoas se ajudando assim e passando ensinamentos.

Entrando no assunto Sexualidade que eu sempre quis conversar com minha mãe, questionei a ela o que ela sentiu e quais foram as preocupações dela quando eu me assumi gay.

Eu nunca tinha perguntado isso a ela. Me assumi 7 anos atrás e até hoje eu não sabia o que ela tinha sentido naquela momento.  Ela me disse que “mãe sempre sabe, no fundo, quem é o filho”, então desde pequeno ela sabia quem eu era, inclusive, quando eu era pequeno eu colocava uma camiseta na cabeça pra fingir que era cabelo longo então, pra ela, ela sempre soube, porém por ela ter sido criado no meio de 5 homens (1 pai e 4 irmãos) e minha avó também ter a cabeça de uma geração machista, a preocupação dela era eu sofrer, era eu ser mal tratado na família, na rua ou qualquer outro lugar, o que em muitos momentos aconteceu nesses anos.

Ela lembra, até hoje, de uma frase que eu disse quando ela me perguntou se ser gay era realmente o que eu queria, que foi “mãe, se eu pudesse escolher, eu não escolheria isso pra mim”. Ela, naquele momento, entendeu que as coisas não eram tão simples assim, que não era uma questão de escolha e decidiu estar comigo pra tudo e até hoje ela cumpre, ela luta pelas minhas causas, levanta a bandeira e tenho orgulho demais disso.

É natural que as gerações passadas vejam a sexualidade como uma opção, mas isso não é a realidade, sexualidade é uma condição, eu nasci assim e não há o que fazer. Saber que minha mãe aprendeu isso, vindo de uma geração machista, é lindo.

Pra finalizar o papo, pedi pra ela dizer algo para mães que estão vivendo o que ela viveu, que tem um filho homossexual ou que se preocupam do filho crescer e ser gay. Pra ela ser mãe é aceitar, é amar incondicionalmente e que expulsar os filhos de casa, não respeitar, não é ser mãe, mãe é o contrario disso, é ver a pessoa que você gerou e respeita-la. Ela indicou um filme para vocês, chamado “Orações para Bobby” e disse que o filme tem tudo que ela gostaria de dizer, não só para mães, mas para qualquer pessoa, para pessoas aprenderem a tratar outras pessoas bem.

Mãe, obrigado por fazer parte disso, te amo e feliz dia das mães.

Confira o vídeo na integra: