Olá, gente, Thiago Medrado (@thiagomedra), em pleno fervor dos descontos – Ler-se, aqui no Brasil, pela metade do dobro – resumir para vocês assuntos que vem sendo discutidos desde meados de outubro envolta da Black Friday levar vocês a discutirem o consumo.
“Black Friday” é um termo racista?
Abra seu Twitter porque é hora de militar, ou não! Isso porque apesar de muito ter se espalhado, principalmente por algumas empresas, não existe um consenso acerca da origem do “Black” da “Black Friday”. Acontece que nos Estados Unidos o “Black” tem uma leitura positiva ou seria equivalente no vocabulário econômico aqui do Brasil ao “estar no azul” ou seja o mercado ludibriava os consumidores dizendo que estavam bem – no azul ou no “black” – e vendiam o Stock a preço de custo para não se endividar.
Desconto inacreditável! Como?
A verdade que ninguém te conta é que os descontos que muitas vezes recebemos estão sendo descontados das contas de alguém – E não é das empresas. É comum, principalmente em “fast shops” encontrar preços quase inacreditáveis e sim você irá receber seu produto, o problema é que quem o produziu não estará recebendo o que devia. É bastante comum casos de escravidão circulando algumas empresas com esses “Super descontos”.
Tricoteen e a Black Friday!
Sou consumidor da marca igualmente a vocês, no entanto com o privilégio de ter um contato mais a fundo com o que é produzido – De forma segura e responsável aliás – E usei da oportunidade para questionar porque não de uma “Black Friday”. E fiquei super convencido, diante também de provas concretas e histórica de como as lojas articulam essas promoções no Brasil. A tricoteen tem uma política super coerente sobre consumo e também trabalha uma política de preços onde o produto sai diretamente o conceito de desconto no Brasil, acontece o ano inteiro.
Espero que estejam servidos diante de tanta informação, que separem um espaço para comprarem o que realmente é necessário e que – Realmente está em promoção – no fim separei alguns itens da tricoteen que tem valores que nem a “Black Friday” bate e que foram feitos com responsabilidade em todos os seus processos. Estarão disponíveis em um guia, nova ferramenta do Instagram no próprio Instagram da marca, até lá – Boas compras.
Atualmente a moda vem desenvolvendo relações com questões políticas e sociais, refletindo, repensando as estruturas da sua indústria, levantando bandeiras e representando lutas das minorias e grupos políticos.
Ainda assim a moda tem um histórico tumultuado, com envolvimentos em escândalos no que diz respeito a exploração de trabalho, questões ambientais, invisibilidade e exclusão de grupos sociais, o que coloca toda sua politização em questionamento. Mas como tudo tem dois lados, vamos reforçar aqui o que temos de positivo e usar essa ferramenta tão grandiosa de comunicação pra trazer o dialogo que a moda pode nos proporcionar com as micro políticas.
É essencial fazer micro políticas na moda, começando pela cadeia de produção através da transformação nas suas relações trabalhistas e a exploração de recursos naturais, por exemplo, isso já é um primeiro e grande passo.
Não colaborar com marcas que financiem o trabalho escravo e sim que valorizem o trabalhador que esta por trás da produção daquelas roupas, sempre procurar se informar de onde estão comprando suas peças. A micro política esta no simples fato de produzir sua própria roupa, participar de trocas, feiras, brechós e acima de tudo promover sempre o dialogo.
A moda é uma ferramenta de comunicação e além disso movimenta grande parte do mercado financeiro do nosso país e do mundo. Como não inclui- lá como objeto político institucional? São os pequenos diálogos que vão trazer as grandes mudanças que a moda precisa e afastar este estereótipo raso e rodeado por futilidades que a permeiam.
Eu sempre defendi a Moda Sustentável acreditando ser extremamente possível para qualquer um consumir isso na moda nacional. Acreditava que essa forma de produção seria o foco de um futuro próximo. Culpem a minha ingenuidade, porque foi ela que fez com que eu não enxergasse diversos aspectos que tornavam a Moda Sustentável inviável para uma quantidade absurda da população brasileira.
Vamos começar do começo. Moda Sustentável, por definição, é uma vertente de fabricação de roupas que visa não causar impactos ao meio ambiente ou minimizar esse impactos. Geralmente a fabricação de peças em uma marca de moda sustentável utiliza materiais que são menos agressivos ao mundo, como o algodão (orgânico ou não). Além, claro, se produzirem de uma forma ética, valorizando seus colaboradores e também seus fornecedores de matéria prima. Tudo isso é o que torna uma fabricação mais sustentável.
Beleza, mas aonde está o problema? A problemática disso tudo está justamente na forma de fabricação. O custo de fabricação de uma peça sustentável no Brasil é alto. O diferencial de uma marca Fast Fashion e de uma Slow Fashion que atende os quesitos sustentáveis está justamente ai, na precificação. Por exemplo:
Essa blusa de uma marca de Fast Fashion, feita de 100% Poliéster, que é um material bastante utilizado em fast fashion devido a sua durabilidade e um dos mais prejudiciais ao meio ambiente, pois é feito através do petróleo, é vendido por R$39,00 e pode atingir o preço de R$19,00 em uma liquidação. Esse preço baixo, geralmente, se da devido a produção em massa.
Já essa regata branca, produzida por uma marca de Slow fashion, composta por 98% de algodão e 2% de elastano, é vendida por R$149,90. De acordo com a Politica de Preço Aberto da marca, esse preço final é formado da seguinte forma. R$67,05 corresponde ao custo de produção (matéria prima, funcionários,infraestrutura, R$37,47 é para a administração da marca, R$22,48 para comunicação de marketing e R$22,48 de lucro/reinvestimento.
Toda essa forma de produção ética e consciente faz com que o produto se torne caro aos olhos de grande parte da população brasileira, que acaba optando por uma moda menos cara. Infelizmente não há muito o que fazer no momento referente a isso, uma vez que o ciclo inteiro de produção de matéria-prima para as peças ainda não é saudável, acredito até que tecidos sustentáveis são intencionalmente menos acessíveis para que as fabricantes de roupas optem pelos tecidos menos sustentáveis e fortaleçam industrias como a petrolífera, por exemplo, talvez seja uma teoria da conspiração, mas isso é assunto para uma outra matéria. No começo do texto eu cito que o consumo sustentável é inviável para muita gente, mas por que?
Nós vivemos em um país onde 6,7% da população vive em extrema pobreza, tendo que sobreviver com cerca de R$178,00 por mês (Dados do IBGE pré pandemia do Covid-19). Algumas pesquisas apontam que possivelmente a pandemia vai elevar esse percentual para 7%. Sim, isso é um cenário extremo do pais, mas trazendo argumento para uma realidade mais próxima de quem está lendo esse texto, digamos que um jovem classe média está no seu segundo ano de faculdade, ele faz estagio e ganha um auxilio de R$1.250,00. Metade desse valor vai para a mensalidade da faculdade, porque infelizmente ele não conseguiu ingressar em uma universidade publica e também não possui condições de pagar um valor alto na faculdade, depois ele ajuda um pouco com as despesas de casa e resta R$200,00 para ele viver sua vida. Você acredita que comprar uma regata de uma marca sustentável por R$150,00 vai ser sua prioridade?
Consumir de forma que prioriza o meio ambiente é uma atitude privilegiada. Ainda a grande maioria da população brasileira não tem o consumo sustentável como prioridade, porque simplesmente não podem.
“Ah Caique, mas e o consumo sustentável através de brechós?”
Eu acreditei também, por um bom tempo, de que brechós eram acessíveis para todos, porque sempre tive fácil acesso a vários e também sempre tive um corpo padrão. Se eu queria encontrar uma calça, eu tinha varias opções, por exemplo.
Ai vi que existem varias outras camadas de privilégios no consumo em brechós. Em conversa com alguns amigos, vi que isso não é uma realidade de todos. Muitas pessoas não tem brechós disponíveis sempre, porque não moram perto de um e não conseguem se locomover até um local que tenha, seja por dinheiro ou tempo.
Algumas, quando tem acesso aos brechós, não encontram peças que servem nos seus corpos. Pessoas com um corpo gordo provavelmente encontrarão dificuldades em encontrar peças em grande parte dos brechós que frequento, então embora seja uma excelente opção para um consumo sustentável, também não é uma realidade para todos.
Meu discurso de que precisamos encontrar uma jeito de consumir de uma forma mais saudável continua, mas precisamos ter consciência de que cada um precisa adaptar pra sua realidade e não podemos, de forma alguma, criticar alguma atitude sem nos colocarmos no lugar do outro, está tudo bem termos prioridades diferentes. O futuro próximo que eu acreditava estar chegando para a moda sustentável, talvez não seja tão próximo assim, mas as ideias estão sujeitas a mudanças e se houver alguma, eu volto aqui para compartilhar com vocês.
Se você busca um consumo mais consciente adaptado a sua realidade, na Matéria O Real Propósito do Consumo Consciente que escrevi aqui para a Galpão Mag eu conto um pouco sobre como inserir esse hábito.
A grande indústria da beleza segue estruturando conceitos, estabelecendo regras e construindo estereótipos de padrões inatingíveis. É quase como uma perseguição pelo padrão de perfeição, se esquecendo completamente da saúde, bem estar, além de afetar a saúde emocional e as relações sociais.
Existe uma grande obsessão pela juventude e essa mesma indústria colaborou para fixar essas raízes machistas e ultrapassadas determinando prazo de validade para as mulheres. Envelhecer é um fenômeno natural e a nossa sociedade tem vergonha de lidar com isso, a diferença entre o envelhecimento feminino e masculino é tratada de forma tão desigual, que homens são considerados charmosos por seus cabelos grisalhos enquanto mulheres que deixam os cabelos brancos muitas vezes são consideradas desleixadas por optarem pela naturalidade.
De acordo com a plataforma de conteúdo SHE TALKS, criada por Camila Faus e Fernanda Guerreiro, que debate de maneira séria, porém com muito humor assuntos ligados a beleza, envelhecimento, relacionamento, maternidade entre outros que envolvem o universo feminino, a pressão eterna pela juventude também esta ligada a publicidade que não reflete esse estereótipo na fase do envelhecimento da mulher.
GIF TWIGGY DANÇAND0
Personalidades como Audrey Hepburn, que fez história no cinema interpretando Bonequinha de Luxo e Cinderela em Paris, a modelo Twiggy, que foi um dos ícones da moda nos anos 1960, não tem suas imagens expostas na velhice como na juventude. Esse fato nos mostra o quanto nossa sociedade esta acostumada com essa busca incessante pela juventude.
Recentemente a apresentadora Xuxa Meneghel recebeu fortes criticas em suas redes sociais por postar uma foto natural sem filtros e maquiagens, Xuxa esta envelhecendo e não há nada de anormal nisso, a apresentadora afirma em entrevistas que esta ótima com ela mesma e não se abala com essas atitudes.
Foto reprodução: Instagram
A indústria da moda e da beleza tem a missão de entender e manifestar através de campanhas esse processo e encará-lo com naturalidade, afinal envelhecer é um processo normal para qualquer pessoa e precisa ser respeitado.
Audrey Hepburn
Twiggy
Os tabus da beleza estão envolvidos em diversas áreas, no post de hoje o destaque é para o envelhecimento, mas o preconceito também tem relação com o peso, tipos de corpos, cabelos, a maneira como se vestem e tudo que pode colocar a mulher dentro de uma caixa com rótulos sociais machistas e preconceituosos. Essa preocupação excessiva com a idade existe porque o universo feminino é muito mais cobrado por sua aparência.
A obsessão em ser jovem pra sempre não é saudável, envelhecer faz parte dos ciclos da vida, idade é só um número, as mudanças existem e não são fáceis, mas precisam ser tratadas e encaradas com cuidado e delicadeza.
De Camila Faus e Fê Guerreiro nasceu SHEt. Um lugar onde a idade dos “enta” rima com “experimenta”. 45+ 60- e todas as outras, bem-vindas!
Exercite plenamente a sua mente , sabendo ser apenas um exercício. Construa artefatos, resolva problemas, explore os segredos do universo. Usufrua de todos os seus sentidos. Sinta alegria, pesar, riso, empatia. Leve a memória em sua bagagem. Eu me lembro de onde vim e como me tornei humano. Porquê estive por aqui. Agora, minha partida está marcada. (…) Não só a eternidade, mas o infinito. (do filme Waking Life, 2001, Richard Linklater)
Penso na infinidade. E em mandalas. E em padrões que se repetem. Lembro dos textos lidos sobre o universo e a expansão, a infinitude da vida, fractais, reencarnação, livro tibetano dos mortos, frequências e realidades paralelas. Depois penso na linha do tempo evolutiva que se desenrola por trás de nós como um oceano do tamanho de mil oceanos de tempo, mil anos, quatrocentos mil anos, duzentos milhões de anos; na biblioteca queimada de Alexandria, nas estátuas gigantescas soterradas no mar, nas enciclopédias de capa dura enfileiradas em centenas e centenas de estantes, nos livros queimados da Inquisição (e também na fumaça que foi levada pelos ventos sussurrando palavras), nas páginas impressas do jornal tic tac a cada manivela rodada, e cada par de mãos que folheiam os papeis. É muita coisa produzida no mundo, segundo a segundo.
Depois entro em mim e observo o interior enigmático que é a minha (e sua) cabeça. As associações diárias, os momentos de profundo insight poético e espiritual, tudo interligando-se com as memórias imaginadas, pensadas, criadas; as frases que aparecem como névoa, flutuam pela testa e viram éter. Tudo o que pensei e não foi dito. A ânsia em mexer os dedos e transformar em palavras as abstrações internas, as opiniões. E depois só penso: por quê escrever? Como poderia fazê-lo? Tudo já não foi dito e feito nessa vida? Como há tanta e tanta coisa, palavra, ar, som, voz, sendo dita, escrita, impressa, engolida, projetada, compartilhada, gerada, transformada em bits, em cores, em versos, em filmes, em códigos, genéticos? Se a vida é imensidão, qual o destino? Qual o propósito? Não é preciso um propósito? É preciso um propósito?
O mundo é uma prova para testar se podemos nos elevar às experiências diretas. Nossa visão é um teste para saber se podemos ver além dela. A matéria é um teste para a nossa curiosidade. A dúvida é uma prova para a nossa vitalidade. Thomas Mann escreveu que preferiria participar da vida que escrever. (…). Assume – se que não se pode compreender a vida e viver ao mesmo tempo . Não concordo inteiramente. Ou seja, não exatamente discordo. Eu diria que a vida compreendida é a vida vivida. Mas os paradoxos me perturbam. Posso aprender a amar e fazer amor com os paradoxos que me perturbam. E em noites românticas do eu , saio para dançar salsa com a minha confusão. (Waking Life)
Penso algo e escrevo um livro. Alguém o lê. Comenta-se num círculo. Alguém se propõe a estudar. Alguém imprimiu o livro, cópias e cópias dos mesmos versos. Uma livraria pôs à venda. Depois alguém encontrou aquele mesmo livro em um sebo, já cheio de orelhas e digitais. Um congresso é feito sobre o estudo do estudo dos textos feitos sobre o livro. Alguém liga uma câmera e dá sua opinião. Acontece às vezes de também virar música. Compõe-se um dos versos. Torna-se referência – alusão vaga. As palavras fazem alguém sentir alguma coisa. Uma pessoa ri. O escritor também.
Visualizo esse caminho das coisas acontecendo ao mesmo tempo em qualquer canto do mundo, e então, às vezes, isso pesa. Pois é como se eu não soubesse o que fazer diante de tamanha grandeza. Talvez na pequenina cabeça humana não caiba espaço para a compreensão exata do que é o infinito das coisas. Mas ao mesmo tempo que os caminhos da vida evolutiva parecem infinitos e atemporais, há alguma coisa de efêmero em cada instante vivido, como se fizéssemos e não fizéssemos parte da existência. Por que escrever o que penso? Como poderia fazê-lo? Nesses milhares de anos de existência de milhares de centenas de pessoas, tudo já não foi dito? Quem sou eu, esse minúsculo ponto num universo enciclopédico?
Tento, por vezes, procurar por algum sentido. Ele está então no meu eu, na minha individualidade, no que faz sentido pra mim dentro da minha concepção de mundo e pensamento e ética? Fazemos parte dos dentes de engrenagens dentro de engrenagens. Um pensamento então me surge: não, não podemos entender a imensidão universal com o nosso cérebro, caminhando unicamente pela via racional. Nós temos um terceiro olho. Nós temos intuição. Temos uma alma, como uma inteligência superior que se comunica por outras frequências. Temos um peito que se abre para o mistério. Só assim podemos compreender que: não adianta. Estamos envolvidos com o mundo.
Vamos, pois, escrever. Pintemos a arte. Sejamos transgressores aleatórios. Deixemos que as mãos procurem as habilidades, que nossos olhos e ouvidos se fundam; riam das palavras soltas pelo ar, vejam, comprem, leiam, rabisquem, rasguem, bebam, se afoguem, limpem as sujeiras, sujem o cotidiano, movimentem. Vamos viver. Só temos o agora, e só podemos aceitar.
Na verdade, só existe um instante, que é agora. E é a eternidade. É um instante no qual Deus está apresentando a seguinte pergunta… ‘Você quer fundir – se com a eternidade, você quer estar no paraíso?’ E estamos to dos dizendo: ‘Não, obrigado. Ainda não’.” Logo, o tempo é apenas o constante “não” que dizemos ao convite de Deus. Isso é o tempo. Não estamos em 50 d.C., como não estamos em 2001. Só existe um instante. E é nele que estamos sempre. Então ela me disse que esta é a narrativa da vida de todo mundo. Por detrás da enorme diferença, há apenas uma única história… a de se ir do não ao sim. Toda a vida é: “Não, obrigado. Não, obrigado”. E, em última instância é: “Sim, eu me rendo. Sim, eu aceito. Sim, eu me entrego”. Essa é a jornada. (Waking Life)
Olá gente, Thiago aqui mais uma vez. Hoje vou levar a vocês uma interação maior, para o post de hoje trouxe alguns questionamentos envolvendo privilégios.
Vivemos tempos difíceis, de classicismo social, nada melhor do que nos reconhecermos dentro dessa pirâmide. Essa argumentação será fundamental para você pessoa branca (ou não) ter uma conscientização acerca de seus privilégios.
Faça esses questionamentos a você mesmo e reflita sobre suas ações no dia a dia.
PRIVILÉGIOS
Você já foi seguido em uma loja?
Você já foi insultado pela sua cor?
Já acharam que você não podia pagar um produto quando te viram?
Já falaram coisas ofensivas sobre o seu cabelo?
Estranhos já demonstraram receio ao entrar em um elevador com você?
A polícia já te parou ou olhou estranho, sem você fazer nada?
Já se sentiu insegura com a sua cor?
Se você não disse sim para nenhuma das perguntas acima, você com certeza é uma pessoa privilegiada, não tem para onde correr! Momento nenhum se sinta culpado por isso, não é sua culpa, mas compreenda seus privilégios. Que tal aproveitá-los para ajudar pessoas que talvez não estejam na mesma camada social que você?
Se você já passou por uma ou duas dessas situações, talvez você não seja uma pessoa tão privilegiada, mas com certeza conta com certas liberdades que os demais não.
Com mais de três você com certeza já sofre com os assédios de uma sociedade doente, lembre-se que você é importante, que você tem sim um valor nessa comunidade que vivemos. Existem pessoas maravilhosas que te amam, você é perfeito! Liga o “f*cjskdh” para essa sociedade que tanto se apropriou de você
Agora se você passa por quase todas essas situações no seu cotidiano, estamos com você! Deve ser difícil viver em uma sociedade como essa, mas te desejamos forças, algo que você não precisa que seja desejado, basta olhar seus ancestrais e ver o quão eles eram fortes, Zumbi dos Palmares à Beyoncé. Você tem garra no sangue é uma beleza invejável. Não deixe ninguém dizer se você é suficiente ou não. Todavia, a Lei n. 7.716/1989 está aí para proteger as pessoas do preconceito de raça, etnia e cor. Print, grave, seja testemunha e denunciei, quebre esse sistema.
Anualmente no mês de junho é comemorado o PRIDE month (Mês do Orgulho LGBTQIA+), mas você sabe o porquê?
Por Renan Cardoso
Muito se fala sobre 28 de junho de 1969, onde aconteceu a Revolta de Stonewall, ocorrida no Stonewall Inn, bar gay localizado em Nova York, nos Estados Unidos, onde ocorreram confrontos violentos entre ativistas dos direitos gays com policiais. Na época, na cidade de Nova York, não era concedido licença a bares que serviam gays, o que permitiu a entrada da polícia com um mandado. Essa revolta contou com 13 prisões e uma delas foi a de Marsha P. Johnson, nome importantíssimo e fundamental para a resistência da revolução Queer. O movimento pelos direitos gay não se iniciou com essa revolta, os ativistas já se organizavam pelo menos desde a década de 1920 na Alemanha, mas foi a Revolta de Stonewall que estimulou e acelerou um maior movimento da comunidade gay, provocando forte ativismo político pelos seus direitos.
O mês do Orgulho LGBT foi criado nos Estados Unidos em 1994, pelo historiador Rodney Wilson, sugerindo que a história LGBT precisava de um mês dedicado ao seu estudo. Tudo começou com a representação Lésbica e Gay, posteriormente com maiores debates e discussões foi acrescentado o bissexualismo. Ao longo dos anos a sigla foi ganhando mais representações e hoje é LGBTQIA+.
A primeira marcha do Orgulho em Nova York foi realizada um ano após a Revolta de Stonewall, em 28 de junho de 1970, comemorando o aniversário de um ano do acontecimento. Brenda Howard, ativista americana dos direitos bissexuais, feminista e poliamorista, foi um nome importante para o movimento LGBTQIA+ sendo creditada como “a mãe do orgulho”, ela ainda foi uma das peças fundamentais no planejamento da Semana do Orgulho Gay e a Parada do Dia da Libertação da Christopher Street (rua onde fica localizado o Stonewall Inn), fazendo com que isso se transformasse na marcha anual do Orgulho de Nova York e consequentemente evoluindo para as atuais comemorações que acontecem em diversos locais do mundo nos dias de hoje.
A bandeira de arco-íris, a mais usada para representar toda a comunidade LGBTQIA+, conta com oito cores, e cada uma tem o seu significado (rosa para sexualidade, vermelho para vida, laranja para saúde, amarelo para o sol, verde para natureza, azul para a arte, índigo para harmonia e violeta para o espírito). A bandeira foi desenvolvida por Gilbert Baker em 1978, um artista estadunidense e ativista dos direitos LGBTs a pedido de seu amigo Harvey Milk, também ativista, norte-americano e primeiro homem abertamente gay a assumir um cargo público na Califórnia. Dentro da política a comunidade LGBTQIA+ já teve grandes reconhecimentos de lideranças mundiais, porém no Brasil a história é diferente, o país segue na lista como o país onde mais se mata LGBTs no mundo.
Junho de 2020 é a marca do 50º aniversário das comemorações anuais do Orgulho LGBTQIA+, além de comemorar também é necessário manifestar e se conscientizar politicamente sobre as questões que envolvem essa luta que representa uma comunidade forte que só quer o direito de viver livremente em paz.
Imagens de uma das primeiras manifestações do Orgulho Gay, a primeira Parada do Dia da Libertação da Christopher Street, realizada em Nova York, em 28 de junho de 1970, para comemorar o primeiro aniversário dos motins de Stonewall.
Nascida da necessidade de novas perspectivas surge Miranda Luz. Uma travesty multiartisteira, sagitariana perdida em seus constantes processos de desenvolvimento em vários seguimentos de arte, sempre pautando e relacionando sua vivência e experiência enquanto uma mulher trans negra.
Miranda Luz, talvez meu nome logo entregue minhas prospecções de mundo, talvez não, já que tenho muitas. Falando em muitas, já nem sei qual de mim que aqui fala, já que nesse momento de isolation (playingSolitabyKaliUchisonthe background) perdi as contas de quantas vezes já me desfiz e me refiz, sempre na busca da melhor versão de mim mesma.
Já sabemos as dificuldades em ser artista no Brasil, a desvalorização, a falta de respeito e em muitos casos a falta de acesso, então imagine ser multi?
Modelo, stylist, redatora, roteirista, diretora criativa, aspirantes a arte plástica e direção executiva e nesse momento de quarentena gravando um curta onde dirijo, roteirizo e atuo.
Movimentos e segmentos esses, que vem de uma necessidade de materializar questões básicas e pessoais como relações familiares, processos de TRANSformação e processos criativos. No fim todas essas artes/loucuras se encontram, se conectam e contam uma história: A minha história.
Como a primeira travesty da história das edições do São Paulo Fashion Week a assinar styling nas edições do evento, me vem várias sensações relacionadas à realização pessoal, ao mesmo tempo que me traz vários questionamentos referentes às oportunidades que nos são oferecidas, no caso não são oferecidas. Além de falar sobre a higienização da população dissidente e a farsa de um imaginário que projeta pessoas trans com “passabilidade”, além claro da redistribuição de acesso, num movimento onde não ocupemos apenas funções subalternas e tenhamos espaço de desenvolver profissionalmente, na prática.
Tudo isso pensando e questionando a necessidade de discutir e promover políticas públicas e afirmativas voltadas para essas comunidades, com urgência.
Já como modelo, meu discurso se direciona para pautas como o preterimento da população negra e/ou trans no mercado fashion.
Apesar dos movimentos de engajamento social estarem a todo vapor na mídia mundial, ainda vemos a moda apegada no padrão colonial, onde corpos negros e/ou trans são solicitados para não perder o hype ou por pressão das mídias.
Partindo pro pessoal já me vi em set onde ouvi da equipe, que minha contratação se devia ao fato de não poder falar sobre determinado assunto sem uma referência negra. Detalhe que eram três modelos contando comigo, e somente eu de negritude.
Além de inúmeros problemas referentes á peças pensadas historicamente apenas para corporalidades cis, onde senti meu corpo e minha identidade invisibilizada. Sim, apesar de grata, considero o mercado atual como cruel e mesquinho. Esquecendo de valorizar o que realmente importa, que são as pessoas, suas diferenças e individualidade.
Como redatora, tenho me explorado ainda mais. Nesse processo novo e de várias descobertas, tenho buscado e entendido novos discursos, revendo os meios de comunicação e buscando relatar e dar espaço ativo para vivências de outros jovens artistas. Compreendendo o poder das palavras e entendendo formas de me expressar por meio desse formato, até então não explorado totalmente.
Cheia de vontades e ambições, tenho me satisfeito e me ocupado com a criação desses novos formatos de linguagem e expressão. Como fazer soar mais pessoal? Como transmitir uma forma pessoal de expressão de linguagem?
São questões que se misturam com a vontade de retratar experiências associadas a minha vivência pessoal. Bem megalomaníaca, eu sei!
Além de estar no processo de aprendizagem em noticiar movimentos do mercado de moda no mundo atual, de uma visão jovem e didática. E mais uma vez na busca de ocupar espaços historicamente negados e redistribuir esses acessos para minha comunidade.
Sendo uma travesti preta, vejo que os desafios são maiores e que os espaços me são duplamente negados, ainda mais quando se trata de ocupar cargos de poder. Tendo eu que desenvolver constantemente mecanismos de inserção e a partir disso trazer comigo pautas de redistribuição de acessos dos espaços culturais e empregabilidade formal para população trans.
A gente não pode esquecer que ARTE É POLÍTICA!
Sobre o documentário rs, vou disponibilizá-lo em breve por aqui
Em 2016 tivemos um fluxo imenso de discussões sobre o “Pink Money” e nessas discussões o termo ganhou uma conotação negativa e o significado e importância do termo foi perdida.
Para eu explicar para você a melhor forma de olharmos para o termo Pink Money, preciso voltar lá na década de 1960. Nos anos 60 começou um debate, pelos especialistas de marketing da época, sobre a importância de incluir nichos nos mercados de massa para aumentar a demanda de produtos e vendas.
Embora esse debate tenha ocorrido nos anos 60, só nos anos 90 as empresas passaram a adotar essa tendência com mais seriedade e essa visão de dividir o mercado em nichos de massa passou a ser visto como uma oportunidade. As empresas passaram a entender que as pessoas possuíam uma forma de consumo ideológico e muitas vezes o que motivava elas a comprar era o sentimento de identificação da causa que ela acreditava com o produto que ela estava consumindo.
Ou seja, o mercado percebeu que nós da comunidade LGBTQIA+ comprávamos mais de marcas que mostravam apoio a nossa causa. Depois dessa constatação, foi criado o termo Pink Money. Esse nome foi dado ao nicho que transmite o Poder de Compra da população LGBTQIA+. O que não é negativo, quando pensamos na importância da causa ter visibilidade para que haja cada vez mais conscientização das pessoas sobre nossa Comunidade.
De acordo com um estudo feito pela Out Leadership, Organização que desenvolve Iniciativas ao público LGBTQIA+, publicado em uma matéria do site Métropoles em 2019 “ […] o poder de compra do segmento é estimado em US$ 133 bilhões, o que corresponde a 10% do nosso PIB. No ranking mundial, ficamos à frente de países como Itália, Holanda, Espanha e Canadá, tornando a sociedade LGBT brasileira uma mina de ouro a ser desbravada.”.
Podemos dizer, de modo geral, que esses dados significam que a comunidade LGBTQIA+ possui um enorme poder dentro da economia mundial. Estudos feitos em 2016 por uma especialista de Economia Criativa do Sebrae Bahia, Ana Paula Almeida, mostram que gays e lésbicas consomem mais bens de luxo, design e moda, além de viajar quatro vezes mais que a média e gastar 30% mais que o turista tradicional. Esse Poder de Compra deve ser usado ao nosso favor.
Lembra que citei que em 2016 houve muita discussão sobre esse assunto e foi criado uma conotação negativa para o termo? Essa conotação se deu pelo fato de várias marcas se apropriarem da luta contra a LGBTQIA+fobia somente para vender. Ou seja, vimos que várias marcas criavam coleções para o mês do Orgulho, mas nos outros 11 meses do ano não moviam um dedo pela luta e muitas dessas marcas praticavam atos preconceituosos contra a Comunidade. Para definir esse ato, foi adotado um termo chamado Pinkwashing (Lavagem Rosa).
Originalmente esse termo foi criado em 2002 por uma organização de combate ao câncer de mama chamada Breast Cancer Action para criticar empresas que criavam produtos com fita rosa (símbolo de apoio a luta contra o câncer de mama), porém fabricavam produtos cancerígenos. Ou seja, o termo foi criado para criticar a incoerência das empresas em uma determinada causa. Posteriormente o Pinkwashing passou a ser usado para definir o ato de mostrar inclusão de uma maneira oportunista e não apresentar para a comunidade LGBTQIA+ formas de inclusão e luta pela causa.
Empresas que falam em suas propagandas que deve haver inclusão na sociedade, DEVEM ser inclusivas. Não adianta, por exemplo, uma marca criar uma coleção cheia de referencias para a comunidade LGBTQIA+, mas quando alguém dessa comunidade for fazer uma entrevista, essa pessoa não ser contratada por conta da sua sexualidade. Não adianta vender itens cheios de arco ires no mês do Pride e nos outros meses fingir que a homofobia não existe e não ajudar a causa.
5 Dicas Para Identificar o Pinkwashing
Para ajudar vocês a trilhar um caminho para um consumo mais consciente, temos aqui algumas dicas para identificação da Lavagem Rosa.
Entre no Instagram da Marca – Deve haver apoio aos LGBTQIA+ durante o ano inteiro. Seja apoio através da inclusão de pessoas da Comunidade nas postagens, seja por fornecer informações sobre causas. Não vale só querer vender roupas cheia de Arco Ires no mês da Pride, é necessário que seja feito mais, uma vez que estamos falando sobre uma luta constante, a lgbtqia+fobia não existe só em junho.
Entre no Site da Marca – Todas as Marcas possuem campos no site que falam sobre os Valores deles e sobre causas que acreditam. Procure essas informações e veja se bate com o que você acredita. Se não houver nada sobre o que você acredita e eles usam o mês do Orgulho para marketing, talvez essa marca não vá fazer nada com o dinheiro que você está investindo nela.
Entre no Twitter da Marca – Se a marca possuir Twitter, vá nas menções da marca e veja se possui reclamações voltadas a LGBTQIA+fobia ou algum outro tipo de preconceito que você não compactue. O twitter pode ser uma fonte incrível para você ver o que as pessoas já enfrentaram durante atendimentos e etc. Twitteiros são tudo.
Use o Google – Essa ferramenta de busca não tem erros para encontrarmos casos anteriores de preconceito. Eu costumo digitar o Nome da Loja + homofobia ou racismo. O Instagram pode esconder tudo com um feed bonito cheio de cores, mas as noticias sobre os casos de LGBTQIA+fobia não somem do Google.
Pesquise quem está por trás da Marca – Veja quem são os Investidores daquilo e o próprio dono. Pode ser que a pessoa responsável e os investidores digam muito sobre a marca e sua ideologia. Essas informações devem constar na parte Institucional do Site.
É importante que nós entendamos, como parte dessa comunidade e luta, que temos Poder e precisamos começar a mover a economia ao nosso favor e não favorecer quem não luta com nós todos os dias.
Agora é definitivo, eu Thiago Medrado entrei para a Galpão Mag e estou aqui mais uma vez, trazendo um conteúdo bem informativo a vocês, tanto de acordo com o mês do orgulho como das lutas atuais contra o racismo, e hoje será sobre a – Marsha P. Johnson – Muitos falam do quão Malcolm, como gostava também que se fosse referida as vezes, foi importante para o movimento LGBTQIA+, mas poucos sabem que dentro do próprio movimento a própria sofreu preconceito, esse será meu papel dividir com vocês 5 momentos que contam a história de Marsha e de todo seu legado.
Marsha e sua amizade com a Sylvia Rivera
Amiga, confidente e acima de tudo “irmã de guerra”. Impossível falar de Marsha sem relembrar sua Amizade com Sylvia Rivera, ativista trans que trabalhou em conjunto com Marsha durante toda sua vida e história de luta pelos direitos LGBTQIA+.
Marsha e Sylvia em caminhada pelos direitos LGBTQIA+
2. Marsha e sua história com o bar Stonewall Inn.
Esse foi o momento inicial da militância de Marsha e Sylvia, durante uma invasão policial no bar, destinado a gays, Johnson e sua amiga estavam cansadas da situação que era constate e decidiram naquele momento reivindicar. Marsha foi a primeira a contestar a ação, não sabendo ela que sua atitude desencadearia em um movimento gigante, que culminou na primeira parada LGBTQIA+.
Movimentação em Stonewall após ato de Marsha contra os polícias e que cominou em um acampamento de 6 dias finalizando com a marcha LGBTQIA+
3. Marsha e o preconceito dentro da própria comunidade
Johnson assim como Sylvia, deixaram inúmeros vídeos documentais ou registros, onde as mesmas comentavam ou registavam o preconceito, com os transgêneros e Drags, dentro da própria comunidade gay. O próprio bar onde tudo começou, mesmo sendo gay, não aceitava transgêneros, além da própria parada onde as mesmas foram colocadas como último escalão e impedidas de discursar.
Marsha e Sylvia na parada Gay
4. Marsha suas lutas e feitos
Johnson e sua amiga Rivera, deixaram um legado não apenas por estarem em paradas lutando por direitos. As duas, criaram a “STAR HOME”, uma casa de apoio para transgênero sem casa com o intuito de tirarem eles desta situação. Também era muito comum encontrá-las panfletando formas de prevenção durante o surto de AIDS. Marsha se negava a conseguir um emprego, a mesma falava que só trabalharia quando o estado respeitasse os transgêneros como pessoas. (Se ela fosse brasileira até hoje não estaria trabalhando, sendo nosso país o que mais mata transexuais).
Marsha como era conhecida, até mesmo pela comunidade hétero pelo seu sorriso e alegria
5. Marsha, Moda e Reconhecimento
Marsha assim como outras mulheres afro-americanas, esbanjava looks cheios de referência, muito colorida e com plumas, Johnson deixou muitas referências Drags. Não teve reconhecimento enquanto viva, o seu maior feito foi ser fotografada por Andy Warhol, as fotos seriam usadas em uma exposição, no entanto a mesma não pode assistir a exposição de suas fotos pois não eram permitidas Queens ou transgêneros no museu onde aconteceria o evento.
Fotos de Marsha para exposição de Andy, sobre transgêneros
Espero que tenham gostado do conteúdo, continuem se informando, deixo para vocês a dica de um documentário sobre a vida da Marsha – Morte e vida de Marsha P. Johnson (Netiflix). Esse foi o post de hoje, fiquei com Deus e em casa, abraços.